segunda-feira, 20 de junho de 2016

I didnt see that coming at all

Eu não achei que eu poderia ficar depressivo na Europa. Eu tenho a certeza de que não sou o primeiro, procurei no Google e inclusive tem várias dicas boas, e inúteis quando tu já está passando pela situação. Também imagino que já tenha sido retratado na literatura ou no cinema, é como se eu conseguisse lembrar de uma personagem, não sei por que feminina, em um loft em Paris e depressiva. Mas eu jamais imaginei que iria acontecer comigo.

Eu sou uma pessoa relativamente fechada, sou desconfiado. Tenho problemas em acreditar que alguém é meu amigo de fato, que somos íntimos e que posso contar com tal pessoa. Alguns amigos sabem, alguns amigos reclamam disso. Eu sou a pessoa que tem vergonha de pedir o número de alguém pra adicionar no WhatsApp, mesmo já conhecendo há tempos. Aqui não foi diferente. Fiz poucos “amigos”, jamais chamaria alguém de amigo conhecendo tão pouco. Gosto de dois franceses e um alemão e a coisa se encerra mais ou menos por aí. A maioria das pessoas não tem nada em comum comigo, nada do qual poderíamos conversar. Small Talk tem seu limite, seja ele de escopo ou temporal. 

Além disso, tenho muitos textos para ler, sejam eles para as aulas daqui, sejam para a pesquisa que continuou acontecendo no Brasil e que se desenrola na minha monografia, ou sejam eles já pensando no projeto de dissertação pra seleção do mestrado ano que vem. 

Mas hoje eu me dei conta de algo, que eu já estou evitando sair de casa. Tenho lido ainda outros livros, romances bons que eu queria ler, pra ter uma desculpa pra ficar no quarto, sozinho e lendo. Eu consigo ver que estou fazendo um movimento de internalização mas também não consigo evitar ou reverter. Eu conto literalmente os dias pro meu namorado chegar. Pra eu voltar pro Brasil. Pra eu voltar pro meu apartamento e pra minha gata. Pra vida que eu deixei parada no Brasil.


Acredito que daqui uns meses ou anos eu olhe pra trás e consiga separar as partes boas das ruins e lembre apenas das boas, do que eu aprendi aqui, do que eu experienciei, mas atualmente, me sinto apenas sufocado.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

oi

Sabe, eu tenho muita dificuldade em manter um blog. Eu sou uma (não A) pessoa que tem um sistema de organização paradoxal. Quando eu começo algo, eu termino, mas eu odeio começar.

Eu preciso ler muito por causa da faculdade e porque eu exijo demais de mim (devo fazer um post sobre isso) mas pra eu começar a estudar eu preciso acordar cedo, porque I am a morning person. Depois eu preciso estar com a escrivaninha organizada. Aí eu preciso tomar café, e eu não faço nada além de ler blogs e artigos tomando café... NISSO SE PASSARAM 2 HORAS, aí é hora do almoço já, ta vendo o que é usar organização como forma de procrastinação?


Mas a Caká fica me incomodando pra eu ter um blog, e eu quero ter. Acho que tenho coisas pra falar, mas aí eu venho e não tenho nada pra escrever. Então eu vou contar de ontem, que duas coisas aconteceram:

1. Eu tava linda sendo nerd e vendo que cadeiras vão abrir semestre que vem, e a minha professora abriu uma cadeira que eu pedi, basicamente exclusivamente pra mim, pra eu poder me formar no meio do ano que vem. Ocorre que entre o meu email pedindo (nunca respondido) e ela abrir a cadeira, eu descobri que não tem mais seleção de mestrado na letras no final do ano, apenas no meio do ano.
Logo eu me formo e entro direto (se deus quiser) no mestrado. Só tem um probleminha aí. Eu tenho que escrever uma monografia, um projeto de dissertação, estudar pra prova de seleção do mestrado e apresentar a monografia. Tudo isso nessa ordem em 2017/01. Queria estar MORTA. Mas vai dar. VAI DAR.

2. Eu não devia, mas eu sempre acabo lendo comentários de notícias no Facebook, e me pergunto: de que pântano saem essas pessoas?
Sabe, eu não gosto de ser escroto, não gosto de xingar, odeio quando a única coisa que eu tenho vontade de dizer é VAI LER UNS LIVROS. Mas tem gente que só merece essa resposta.
Ontem eu tava putíssimo com uns comentários de uns caras muito humildes contra o comunismo. Dont get me wrong, não sou comunista. Não sou pró-capitalismo, choro vendo doku de fábricas na china, mas já tive dois iPhones 4S, um 5C, um 5S DOURADO e agora um 6s. Se tem algo que eu não sou é comunista. Mas quando falam em ameaça comunista eu fico LOUCA. Meu, capitalismo ganhou, tem tipo 2 países comunistas no mundo e não vamos considerar china comunista, BECAUSE. As pessoas vivem numa ditadura capitalista, ninguém tem escolha se aceita esse sistema ou não, e as pessoas ainda falam em comunismo? E ainda aquelas pessoas toscas?

Eu vou entrar agora num rant mas preciso botar isso pra fora e minha justificativa é que mataram todos os gays legais já e só sobrou os gay ixcroto: essas pessoas são margem, periferia de um sistema que defendem como se fosse Deus salvação misericordioso. Essas pessoas que tanto defendem em comentários no facebook a ditadura militar como salvadora do Brasil nem contam no sistema capitalista. ELAS NÃO CONSOMEM. Pro capitalismo elas apenas subsistem pagando continhas. 

Isso me deixa muito chateado, pessoas oprimidas, que mal tem acesso ao mundo em geral agindo assim, e cegas, não conseguem ver que são os excluídos num sistema de exclusão. Enfim, queria por isso pra fora.

Ah, EU RASPEI A CABEÇA RISOS
Uma fotinha fofa minha pra não ficar a vibe excrota:




E uma lhama, a prova que deus sabia o que tava fazendo em algum momento:

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Vivendo na Alemanha

Tava na hora de eu escrever sobre isso, tendo em vista que faz 4 meses que moro aqui. E porque eu tenho um texto do Adorno pra sexta e obviamente não quero ler apenas morrer.

Eu ganhei duas bolsas do DAAD pra estudar na Alemanha. A primeira chama-se Winterkurs e muita gente ganha, é pra melhorar o nível do alemão, seis semanas de intensivo. Foi na Universität zu Köln e foi bem legal. Fiquei numa casa da família que compreendia uma vovó maravilhosa e o cachorro dela. Não me arrependo, aprendi muito com ela, não apenas pratiquei meu alemão mas sobre o que é ser alemão, isto é, basicamente igual a todo mundo. Ela desmistificou a frieza e os aspectos lacônicos que nós temos como esteriótipos dos alemães. E ela era basicamente maravilhosa, risos.

Pra quem quiser mais infos sobre essa bolsa, coloca " daad brasil" no google, precisa ter nível B1 de alemão pra concorrer e muita MUITA gente consegue.

Depois eu vim pra Erlangen, cidade oposto.
Köln é enorme, 1.5M habitantes eu acho, tem de tudo e de todos lugares. Considerada a cidade menos alemã e mais aberta daqui.

Erlangen é uma cidade de 100.000 habitantes, metade trabalha na Siemens e metade estuda na FAU. Fica em Bayern, estado mais conservador e católico da Alemanha. Acho que a cidade só não é super assim pelo número de estudantes. Eu gosto daqui, mas é pequena, as festas são horríveis (só tem festa boa em Berlim, na verdade), as pessoas que eu conheci são ou basics ou muito legais, dois extremos.

Eu sempre quis a experiencia de morar um tempo fora, aceitei a bolsa muito mais porque sabia que poderia não ter outra chance do que realmente vontade de vir. Motivos profissionais. Eu estou gostando, aprendendo muito, passando por coisas muito diferentes mas a questão é que CANSA.

Acho que boa parte para a experiência ser groundbreaking foi furtado por eu já ter vindo duas vezes pra Europa, então não tive aquele choque cultural ou deslumbramento. Eu sinto saudade da minha gata, da minha família, do meu namorado, do meu apartamento, dos meus amigos, dos meus costumes.

Eu diria que a minha vida em Porto Alegre é muito boa, super confortável, e isso faz falta aqui. Eu não passo trabalho ou necessidade aqui, mas certas coisas incomodam:


  1. Não tenho minha própria cozinha: é do andar, tive que comprar uma panela simples, não tenho utensílios e nem vontade de cozinhar. (e eu amo cozinhar, e gosto de cozinhar com comida boa em panelas boas e utensílios bons, uma "frescura" adquirida);
  2. Banheiro é a mesma coisa, somando o fato de que pra sair agua do chuveiro, preciso ficar apertando um botão, isso mesmo, se eu soltar, a água pára de sair. MORTA.

Mas eu tenho meu cantinho do café no quarto, que é o que me faz feliz:



E mais umas fotinhos:


Euzinho em um mercado de pulgas em Berlim :)



Oryx <3


Lobinhos <3


Elefante sendo weirdo

domingo, 8 de maio de 2016

Berlin

(estou lendo meu último post pra saber onde parei, não que eu tenha que seguir uma cronologia, sejamos interstelar)


Eu deveria falar sobre a minha semana de ferias no inicio de abril, mas vou falar dela em outro post. Agora vou falar da semana que férias que eu tive com a minha mãe em Berlin.

Como eu disse, estou fazendo um semestre na Alemanha, super nice até não ser.

A história começa com a minha mãe colocando na cabeça que eu disse que só iria embarcar pra Alemanha se ela viesse me visitar. Gente, isso nunca aconteceu, EU NEM MORO COM A MINHA MÃE, she´s insane. batshitcrazy.

Aí ela veio, eu busquei ela em Frankfurt e fomos para Berlim. A idéia foi aproveitar a cidade com tranquilidade, passear, conhecer museus, fazer umas comprinhas, tudo bem de leve pra não morrer como eu morri em abril. E foi isso mesmo o que aconteceu, a viagem foi incrível! Sem stress.

Fomos nos dois zoos da cidade, mas calma deixa eu explicar: zoo é super deprê eu sei, sou contra, mas assim, tem pandas vermelhos, e eu precisava vê-los (meu apelido de namoro é pandito). Essa necessidade passou por cima de todos preceitos éticos que eu poderia ter:



Olha esse presente que deus nos deu, nem merecemos.

Enfim.

Essas fotos também fizeram eu querer comprar uma máquina profissional, embora a camera do iphone seja ótima, ela é ótima sem zoom numa luz boa né, mas quando se trata de zoom e luz mais ou menos a coisa fica uma merdinha né. Mas essa reflexão já se desdobrou em outra: meu namorado começou a fazer faculdade de gastronomia e tem tirado fotos de algumas comidas. Eu acho que eu poderia contribuir fazendo Euzinho as fotos, porque eu acredito ter um bom olhar estético.

Isso daria um bom rumo ao blog também.

Vou deixar vocês, digo, o vácuo da falta de leitores, com umas fotinhos legais de berlim:


Museu do Judaísmo, instalação de Menashe Kadishmans.

Pedaço do muro de Berlim no Mauerdenkmal.

um viado. (brinks n sei que bixo é)

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Procrastinação

Fiquei sem postar porque a vida é muito louca e eu passei por várias coisas.

Primeiro que eu recebi uma bolsa pra estudar 2 meses de alemão em colônia. Foi muito legal, conheci pessoas incríveis, muitos brasileiros super legais (para calar minha boquinha que não queria sair com brasileiros e ficar falando português).
Carnaval em Köln é demais, super indico, é tipo, INSANO. Nível micareta insano. Mas com a vantagem de que tu usa uma fantasia linda rica princesa:
Minha cara de quem ama a vida.


Depois eu escrevo um post falando sobre a vida na Alemanha, mas adianto uma coisa esquisita: eles não usam cartão de crédito gente. Eu tenho que andar com dinheiro sempre, me sinto tão estranho, meio que não civilizado. Eu tinha um computador de mesa no brasil e tive que vender e comprar um note aqui, TEM NOÇÃO QUE EU TIVE QUE COMPRAR UM MACBOOK EM DINHEIRO. COMO SE EU FOSSE
UM
CAMPONES MEDIEVAL.

enfim. white girl problems.

Atualmente estou morando em Erlangen, sul da Alemanha, estado de Bayern católico conservador 100.000 habitantes mas temos zara e h&m. 

E sabe porque eu estou escrevendo esse post? Porque tenho que acordar amanha as 6 porque viajo (mini férias), então obvio que estou fazendo tudo menos o que eu devo fazer, isto é, minha mala.

Semana 2#

Bom, vamos tentar dar continuidade semanalmente então.
Não aconteceu muito essa semana, quer dizer, sempre começo assim e lembro de mil coisas risos.

ESSE POSTO É DE SEI LA QUANDO MAS VOU USAR IGUAL, vamos superar essa visão de tempo linear né.

Final do ano li Demian do Hermann Hesse, num exercício de ler literatura alemã em alemão. O livro é ótimo, super indico, embora um amigo tenha dito que estou velho demais pra lê-lo, já que trata-se de um romance de formação, e que eu deveria estar lendo o Steppenwolf. Querido, não debutei, so excuse me sir: tenho 16 anos ainda.



Teve uma confraternização de final de ano na casa da minha orientadora, o que foi bem legal pois tinha o pessoal do grupo de pesquisa e o pessoal do Instituto Confúcio. Pude ~verificar empiricamente~ que de fato quando vou falar inglês automaticamente penso em alemão e tenho que falar com calma pra não misturar. Não existe gif pra essa chateação. Mas tem pro fato de que NÃO TINHA SINAL no lugar, porque ela é daquelas pessoas que decidiram morar no fim do mundo num condomínio de casa, WHITE NONSENSE TOTAL.

E ainda teve o irmão dela lá, um velhinho de 60 anos maravilhoso sem filtro algum que comentou casualmente sobre o tempo em que esteve internado, mas calma gente, não foi por drogas, foi POR AMOR. POR AMOR. TEMOS UM JOVEM WERTHER ENTRE NÓS. sério. Não tenho palavras pra descrever como eu estava vibrando pra não rir.

Também quase tive um aneurisma ontem com burocracias em alemão do intercâmbio. Odeio burocracia, fico nervoso, tipo realmente nervoso, tremo pra preencher uma lacuna. (deu tudo certo risos)

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

ex colegas

Hoje eu tive a magnífica idéia de entrar no Facebook e dar uma olhada nos meus colegas de colégio. Eu vinha pensado nisso há um tempo porque meu namorado é muito amigo dos dele, são na verdade os amigos mais próximos dele, e consequentemente, de mim. Eles estudaram juntos desde 4ever, são legais (ok, não todos, mas os 3 ou 4 que são esses mais próximos), interessantes, inteligentes, eu diria até que são parte do motivo de eu namora-lo RISOS.
Mas então, diferentemente dele, eu estudei em vários colégios, era adolescente problema e meus pais passaram por diversos estágios de falência, digamos assim, durante meus anos de formação. Então eu estudei em uns 3 colégios particulares e depois fiz 7ª e 8ª série em público e o ensino médio também. O que não afetou muito minha vida no fim mas ok vamos aos colegas, quem são eles? O que eles fazem? Do que se alimentam?

*seria isso apenas um momento que eu gostaria de me auto-validar e ver que estou melhor (ou pior) que eles?*

A questão é que eu nunca lembro o nome deles, tenho uma memória problemática e só lembrava o primeiro nome de ALGUNS colegas do segundo grau. Mas aí me dei conta que lembrava o sobrenome de uma menina que foi minha ~namoradinha~. Se arrependimento matasse estaria realizando meu sonho e estaria no leito de morte agora. O povo dos colégios particulares, nossa, deram errado. ERRADO. Sério. Tinha um que compartilha todo tipo de barbaridade inclusive fui introduzido à uma tal de Loira Opressora, and she needs to be studied.